quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Proposta


Você é um agroextrativista do Cerrado e possuidor de um bom nível de instrução. É grande sua crença nas potencialidades que o bioma das regiões mais centrais do Brasil possui. Você tem estado preocupado com os ataques que o Cerrado vem sofrendo e com a falta de providências maiores para resguardar o que ainda resta dele, fazendo com que se possa aliar preservação com ganho socioeconômicos. Assim , você, representando todos os agroextrativistas do Cerrado, decidiu escrever uma carta ao ministro do meio ambiente recém empossado pela nova presidência da República. É seu desejo solicitar que algumas providências sejam adotadas com determinação por aquele que passa a encabeçar o ministério do meio ambiente.

Carta de Solicitação

Goiânia, 12 de outubro de 2010.

Excelentíssimo Senhor Ministro do Meio Ambiente,

Sou um agroextrativista do centro oeste do Brasil, que acredita fortemente nas potencialidades do bioma predominante nesta região: o Cerrado. Apesar da inquestionável riqueza da sua fauna e flora, ele tem sido degradado de inúmeras formas, tendo, atualmente, quase 50% de sua vegetação original destruída. E o mais preocupante é que esses fatos parecem ser invisíveis, já que faltam ações das autoridades competentes que contenham essa destruição. Por isso, como representante de todos os agroextrativistas da região, venho solicitar ao Senhor que algumas providências sejam tomadas para que o que ainda resta do Cerrado seja preservado e para que seus recursos possam ser utilizados de maneira sustentável. Motivos não faltam para isso.
No Cerrado, existem mais de dez mil espécies vegetais, plantas variadas que podem ter seus frutos, sementes, óleos e resinas comercializados por famílias que vivem na região. Isso sem falar nos inúmeros medicamentos que podem ser criados a partir de plantas do Cerrado. Ministro, o problema é que a falta de conhecimento dos tantos recursos deste bioma faz com que os brasileiros negligenciem a devastação dessas espécies, causada principalmente pelo desmatamento, para a pecuária extensiva e para o plantio agrícola desenfreado, e queimadas. Por isso, é importante que o senhor crie áreas de preservação permanente para que a vegetação típica do Cerrado não seja reduzida ainda mais.
Toda essa biodiversidade de flora e fauna, aliada às belezas naturais como o relevo e cachoeiras, torna o ecoturismo uma outra opção viável para o Cerrado. Com a divulgação turística da região que o senhor pode promover nosso bioma talvez se torne um patrimônio nacional e saia do esquecimento. Além disso, a agricultura no Cerrado, quando fiscalizada e controlada, é uma grande oportunidade para a geração de energia. A cana de açúcar, por exemplo, é utilizada na produção de biocombustíveis, que são limpos e poluem bem menos o meio ambiente. Isso, senhor, é essencial: aliar progresso econômico e preservação ambiental.
Não é possível deixar de falar, ainda, da importância desse bioma em relação aos recursos hídricos do país. O cerrado é conhecido como a “Caixa d’água” do Brasil, pois dele partem três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul. A região é rica em nascentes e rios que abastecem inúmeras cidades. Entretanto, senhor Ministro, esses corpos hídricos são ameaçados pelo desmatamento ilegal das matas ciliares e pela contaminação do lençol freático por agrotóxicos e herbicidas. Já existem leis que proíbem esse tipo de agressão, mas elas não são devidamente cumpridas. É necessário pessoal preparado para fiscalizar e punir aqueles de desrespeitam a legislação ambiental, assim, como conseqüência o Cerrado será valorizado.
Excelentíssimo Senhor Ministro, a negligência de muitos brasileiros e instituições em relação ao Cerrado é indesculpável, visto os inúmeros recursos naturais e potencialidades que esse bioma apresenta. Por isso, reforço o pedido de todos os agroextrativistas de que medidas como as sugeridas nesta carta sejam adotadas pelo senhor com persistência, e assim a região ganhe maior visibilidade nacional. Ainda peço que acredite que conciliar o desenvolvimento socioeconômico do Brasil e preservar nosso Cerrado é possível.

Cordialmente,

sábado, 15 de maio de 2010

Proposta

Conto Fantástico
Construa um conto marcado por um enredo com a presença do fantástico. Você se valerá de um ou de alguns fatos que não possam ser explicados racionalmente, por estarem fora das leis naturais, mas que possibilitem uma reflexão sobre o caráter indispensável de as pessoas e os povos não desconsiderarem sua história, seu passado. Como você já sabe, todos os textos da tipologia narrativa devem ter um enredo consistente, que crie expectativa e possibilite uma mensagem útil sobre algum importante aspecto da vida.
Tema: Desconsiderar a história é perder a memória e, com ela, a própria identidade.

A Memória de Amnésio

           Amnésio era homem de quarenta e três anos. Descendentes, não os possuía, e mulheres, era uma nova a cada fim de semana, cujos nomes fazia questão de esquecer. Vivia o hoje como se não houvesse ontem. Pouco se recordava da infância no interior de Minas ou da adolescência em Belo Horizonte e seus colegas de trabalho não conheciam nada do seu passado. O próprio Amnésio custava a lembrar-se da fisionomia dos pais, já mortos. Para todos ao seu redor ele era uma incógnita.
           O homem memorizava o estritamente necessário: seu nome e endereço. O resto tinha nos documentos ou no “HD” do laptop. Na repartição pública não suportava conversar com dona Mnemosine. A velha só falava dos “bons e velhos tempos”, quando a cidade era limpa, menos violenta. Amnésio mal escutava a senhora e reduzia cada vez mais suas lembranças, afirmando brasileiramente:
- Quem vive de passado é museu!
        Certo dia, farta da desconsideração e desuso por parte de seu dono, a Memória de Amnésio transformou-se de seletiva para exterminadora. Tudo o que o homem não se importava de lembrar ela simplesmente apagava de sua mente: acontecimentos históricos, imagens, cheiros, gestos, impressões, tristezas, pessoas, lugares. O passado virou passado. Nosso “memorando” ficou maravilhado! Mas não por muito tempo...
            Na manhã seguinte, ao entrar no banheiro para escovar os dentes, Amnésio notou que não conseguia ver seu rosto refletido no espelho. Esfregou os olhos e nada. Podia ver tudo, exceto sua face. Em outros espelhos o mesmo acontecia. O homem desesperou-se ao perceber que não recordava de sua fisionomia. A rancorosa e vingativa Memória de Amnésio não tivera misericórdia: não guardara sequer o seu nome. Procurou, desorientado, sua carteira de identidade, mas estava em branco. Nas poucas fotos que possuía, não havia nada além de sombras e borrões.
        Finalmente, encontrou na cabeceira da cama um endereço. Com dificuldade, pois não distinguia absolutamente nada na cidade, chegou à repartição. Ninguém ali o reconhecia, nem mesmo a velha Mnemosine. Era como se o homem nunca tivesse trabalhado naquele lugar nunca tivesse existido. A cruel Memória, ao exterminar toda a história de Amnésio, decretou sua morte para a sociedade. O que restou foi um fantasma, vagando num espaço sem identidade nem tempo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Proposta

Procure construir uma narração explorando os seguintes elementos:

         O tempo é a noite.
         O espaço é o interior de um vagão de trem que corta uma região agreste, quase desabitada, um povoado de quando em quando.
          Os personagens são todos desconhecidos e você entre eles.
          No alto da madrugada, todos dormem, menos você, que prefere, de olhos fechados, ouvir e interpretar os mais diferentes sons que interrompem o silêncio da noite e vêm dialogar com você.